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Especial 8 de Março: Homenagem do CAU/RO ao dia Internacional da Mulher

Em homenagem ao Dia Internacional  da Mulher o CAU/RO preparou entrevista com a Arquiteta e Urbanista Jennifer Caroline Felipe Tivirolli

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Rondônia – CAU/RO, com muita satisfação, parabeniza a todas as Arquitetas e Urbanistas do Estado pelo Dia Internacional da Mulher, comemorado em 08 de março. Para marcar essa data especial, o CAU/RO realizou uma entrevista com a Arquiteta e Urbanista Jennifer Caroline Felipe Tivirolli, a mais nova profissional com registro no Conselho, representando os anseios da geração de profissionais que atuarão na área a partir de 2017.

  • Gostaríamos de saber um pouco da sua história e de suas origens.

Nasci e morei em Cacoal-RO até os 17 anos, na época não existia curso de arquitetura na minha cidade, apenas em Ji-Paraná e Porto Velho. Quando saí do Estado para terminar meu ensino médio já existia um crescente ‘’exôdo’’ de jovens de Rondônia indo estudar em outros Estados do Brasil.

Mas limitações locais não me impediram de conquistar essa formação. Meus pais entendiam a necessidade de cursar ensino superior e não mediram esforços. Lembro que minha mãe educou a mim e minha irmã com base feminista, querendo que fossemos capazes e independentes, fortes o bastante para conquistarmos tudo que batalhássemos com a paixão e determinação suficientes para rompermos barreiras.

Em 2011 iniciei meus estudos em arquitetura e urbanismo na UFMS. Foram cinco anos de testes de resistência, superações, aprendizagem.

 

  • O que levou você a escolher a área de Arquitetura e Urbanismo?

O que me envolveu desde o começo foi a liberdade criativa e a arte.  Porém a vontade de cursar só me veio no final do ensino fundamental, quando eu formava minha consciência da necessidade de uma profissão, mas eu já vivia arquitetura desde que me entendia por gente sem saber. Eu gostava muito de criar coisas, brincadeiras, pintava muito, gostava de desenhar pessoas e casas em miniatura de recorte; lápis, papel, cola e tesoura conseguiam me entreter por horas.

 

  • Em qual das várias atribuições (áreas) na Arquitetura e Urbanismo você pretende dar mais enfoque?

Eu sou apaixonada por conforto ambiental e eficiência energética, penso que é a tecnologia aliada ao meio ambiente que fortalece a ciência da arquitetura, uma opção urgente para nossa realidade.

Durante os estudos das classes sociais da faculdade fui criando consciência sobre a atuação do arquiteto e o potencial da construção civil. Gostaria de ter a oportunidade de fazer meu trabalho chegar as pessoas menos favorecidas, desenvolvendo projetos arquitetônicos com qualidade e de acordo com suas necessidades e preferências, fugindo dos modelos padronizados existente. Seria uma elaboração de arquitetura verde com a arquitetura social.

 

  • Em sua opinião qual a importância da boa relação entre cliente e profissional?

O bom relacionamento é essencial. A comunicação é a chave do sucesso, tanto do arquiteto como do cliente. Quanto mais entendimento mais satisfação haverá em ambas as partes.

 

  • Em sua opinião o que leva o cliente a contratar um profissional arquiteto e urbanista?

Eu percebo que o cliente vê o arquiteto como uma mente criadora e capaz de produzir uma obra autêntica para ele e dirigi-la. Acho que é essa busca pela sua obra de arte, sua vontade de planejar seu sonho.  Porque o ser humano precisa de projeto e quando precisa de projeto é essencial ter uma ideia bem estudada.

Essa é uma das funções do arquiteto, transformamos ideias em qualidade de vida. Somos instrumentos sociais para criação de espaços em favor do homem e suas necessidades.

 

  • Qual a contribuição feminina na Arquitetura e Urbanismo? Existe alguma arquiteta e urbanista em especial que você pode citar como exemplo?

A questão de gênero em nosso campo profissional é grande e ainda há muito a ser vencido. Apesar do espaço da construção civil estar presenciando cada dia mais a atuação feminina, ainda precisamos vencer a ‘’cegueira’’ que muitos relutam em ter com o trabalho da mulher. Lutamos desde muito cedo pela visibilidade, duas de minhas inspirações são a arquiteta Odile Decq e a arquiteta Denise Scott Brown. Talentosas e transgressoras de seu tempo ajudaram a arquitetura e o mundo intelectual a evoluírem muito, dando voz para vencermos barreiras estereotipadas. Suas figuras presenteiam o universo feminino com mensagens de autoconfiança e a luta por igualdade.

Duas obras:

Museu FRAC Bretagne – 2012 (França); Studio Odile Decq;

Fonte: http://www.odiledecq.com/en-5-project-2-FRAC_Bretagne_France_Rennes

Edifício Gordon Wu Hall da Universidade de Princeton-1983 Robert Venturi, Denise Scott Brown.

Fonte: https://br.pinterest.com/pin/495396027738223239/

 

  • O arquiteto e urbanista tem uma importância fundamental e indiscutivelmente transformadora, qual contribuição como mulher você pretende dar a sociedade?

Eu pretendo persistir nos ideais da minha mãe, buscando igualdade de gênero na minha área de trabalho e na sociedade. Ainda sou uma jovem arquiteta, mas penso que é importante mantermos a essência do que realmente acreditamos, lutarmos por isso. Me vejo como uma ferramenta em potencial no meio de integração social, assim como minhas (meus) colegas. Espero que com meu trabalho eu seja uma transformadora de espaços, indo além da visão comercial; tendo a percepção dos problemas sociais e intervir para evoluir.

A Arquiteta e Urbanista Jennifer Tivirolli finalizou a entrevista  parabenizando todas as arquitetas e urbanistas de Rondônia e do Brasil. “O dia 8 de março é um dia de reconhecimento da luta feminina pela história. Somos geradoras de identidade local com força e talento para transformar o espaço. Ser arquiteta e urbanista nos concede o desafio contínuo de criatividade e competência. Feliz Dia Internacional da Mulher e obrigada pela oportunidade.”

Arquiteta deu depoimento ao CAU/RO sobre a atuação das mulheres na profissão

Denyse Coelho de Azevedo (Foto: Arquivo Pessoal)

 

“A paixão pela concepção de espaços, pela arte, pela geometria, pelo desenho, pelo paisagismo e pelo ser humano acabou me lavando para a Arquitetura e o Urbanismo. Gosto de organizar idéias, criar espaços de uma maneira que esses interajam com o mundo em que vivemos sempre pensando nas pessoas que irão utilizá-los. É uma emoção criar esses espaços com harmonia e equilíbrio usando a arte, a ciência, a tecnologia e a criatividade. A Arquitetura me escolheu, sou antes de tudo uma humanista. A atuação do arquiteto abrange tanto a escala da cidade à da cadeira, estamos aptos a projetar pequenos ou grandes espaços para melhorar a vida e proporcionar conforto ao ser humano.

 

A Arquitetura fascina, transforma pensamentos em forma, desenha a realidade urbana, o horizonte, a paisagem. Foi essa vontade de criar e de construir espaços que me trouxe a Rondônia em 1984, um estado novo, com tudo por se fazer e trazendo na bagagem experiência em habitação de baixa renda, urbanização em conjuntos habitacionais decorrentes dos três anos trabalhados no ex Banco Nacional da Habitação. Já em Rondônia tive a oportunidade de trabalhar na elaboração de quatro Planos Diretores Participativos, em dezesseis Planos Municipais de Habitação de Interesse Social e vários projetos ao longo desses 30 anos no estado todo desde o uso habitacional, ao assistencial a saúde, ao educacional, ao industrial, ao corporativo, ao institucional, mas sempre procurando inspiração nas pessoas e nos lugares. Fui Secretaria Municipal de Planejamento em três gestões diferentes bem como Inspetora do CREA Cacoal por um período de 10 anos.

 

Com isso aprendi que o crescimento profissional depende de trabalho duro e de como comunicar idéias. Nós arquitetos e urbanistas podemos visualmente comunicar nossas idéias e realizar sonhos se estivermos abertos a ouvir. Considero a relação de cumplicidade entre cliente e arquiteto muito importante. Gosto que o cliente participe de todas as etapas do projeto, pois transformamos os seus sonhos em realidade e o sucesso de nosso trabalho esta na dedicação, na exclusividade e na agilidade no atendimento priorizando função, forma e custos com o objetivo de que o cliente consiga executá-lo como planejado. Nossa realização é a satisfação do cliente e com qualidade. A profissão do arquiteto é antiga, mas uma das primeiras mulheres no mundo licenciadas em Arquitetura foi Marion Mahony Griffin no século 18. Atualmente, a contribuição profissional feminina é grande na Arquitetura e no Urbanismo, mas seu reconhecimento ainda pequeno. Aos poucos isso vem mudando, e o exemplo que sito é o da arquiteta iraquiana Zaha Hadid, ganhadora do Premio Pritzker de Arquitetura que através do seu trabalho inovador e ousado atraiu atenção merecida para a participação feminina na profissão. Essas são algumas das muitas mulheres que ajudaram a construir a historia da arquitetura e que serviram de inspiração para mim.

 

A Arquitetura e o Urbanismo está se tomando uma profissão importante na sociedade, visto que reflete e propõe a organização do território e do espaço construído, tem uma vocação indiscutivelmente transformadora. A participação da sociedade na ordem social das cidades colocou em evidência o participação da sociedade na ordem social das cidades colocou em evidencia o profissional da Arquitetura e do Urbanismo, portanto vejo um amplo campo de trabalho para esses profissionais e perspectiva de melhoras na atuação desses profissionais. Formei-me no Rio de Janeiro minha cidade natal, mas escolhi Rondônia e a cidade de Cacoal para viver, morar e desenvolver-me como profissional. No começo as pessoas não conheciam e não entendiam o trabalho do arquiteto. Hoje vejo que esse trabalho é reconhecido e que vários jovens se inspiram nele escolhendo seguir a carreira de Arquiteto e Urbanista. Com muito orgulho.”

 

 

Depoimento concedido Jeferson Santos Schurmann e Denyse Coelho de Azevedo, do CAU/RO

 

Publicado em 08 de Março de 2017.

Fotos: Arquivo pessoal

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